sábado, 20 de novembro de 2010

A globalização da produção e as novas tecnologias da inovação

A internacionalização da produção foi fenômeno seminal do processo de globalização geral em curso no mundo.  Muitos dos fenômenos hoje observados no sistema capitalista tem sua origem na decisão do grande capital em extrair o valor fora de suas fronteiras nacionais.
O eixo dinâmico da globalização está localizado nos países centrais, para onde são direcionados cerca de 80% do investimento direto e todo o processo é comandado pelas corporações transnacionais. Como se sabe, ao longo de sua existência, o sistema capitalista passou por duas grandes mudanças de qualidade, cada qual redesenhando o perfil industrial, a reestruturação das classes sociais e a hegemonia política mundial.
- a revolução industrial do século 18 resultou na emergência do capitalismo concorrencial e na hegemonia inglesa. (substitui o sistema de manufaturas por um sistema integrado de maquinarias, “força motriz central”. Subordinando a produção doméstica na cidade e no campo, domínio completo da produção capitalista no planeta consolidando a burguesia como classe dirigente mundial).
- a segunda revolução industrial, do final do século 19 e inicio do século 20, forjou uma nova fase do sistema capitalista, denominada de Imperialismo. (deu um grande salto de qualidade ao unificar o capital industrial e o capital bancário e formar os monopólios, oligarquia financeira).
Agora o sistema capitalista esta vivendo uma terceira grande transformação, impulsionadas pela inserção das novas descobertas cientificas na produção, cujo processo vem revolucionando as forças produtivas.  a microeletrônica, a engenharia genética, a biotecnologia, a robótica, entre outros fenômenos a internet que tem crescido mais dinamicamente, fazendo parte do nosso cotidiano).
Na velocidade da luz, pode-se hoje enviar e-mail para qualquer parte do mundo e o destinatário recebera em tempo real.
Reestruturação produtiva
As mudanças oriundas da globalização provocaram uma reorientação estratégica da produção e organização das empresas (aumento da concorrência internacional, incremento de novas tecnologias no processo de produção, aliados a nova conjuntura de desregulamentação econômica e social, bem como ao reordenamento institucional do mercado de trabalho, fazendo com que as empresas reestruture a produção em escala internacional, havendo transformações tanto internas quanto externas às fabricas.
 Três aspectos principais na reestruturação produtiva:
1º- Envolve a desconglomerização (formação de redes de subcontratação, com enormes plantas industriais dando lugar a empresas mais enxutas), processo pelo qual a empresa focaliza a sua atuação na atividade-fim e repassa para subcontratados outras atividades produtivas ou de serviço.
2º- Está relacionado às renovações tecnológicas oriundas da terceira revolução industrial, havendo uma inserção intensa de ciência na produção, gerando poupança e mão-de-obrae ganhos de produtividade.
3º- Diz respeito às inovações organizacionais, envolvendo redução de estoques, mecanismo de controle de qualidade, redução de níveis hierárquicos no interior da firma e modificação das funções e comportamento do trabalhador no chão da firma.
O comando das transnacionais
Elas transformam o mundo numa imensa reserva de matéria-prima e mão-de-obra à sua disposição. Ganharam a flexibilidade para a reprodução ampliada do capital a partir de bases internacionais, quer segmentando as peças, de acordo com menor custo de produção, e montando o produto final nos países centrais, quer fabricando, ou simplesmente podendo desenhar o produto num país onde é fabricado, ou simplesmente podendo desenhar um produto num país, fazer o protótipo em outro e produzir em massa onde haja a mão-de-obra mais barata (tênis Nike) e posteriormente vender a mercadoria no mercado mundial.
Globalização e o mundo do trabalho
O conjunto de fenômenos observados na globalização produtiva tem repercutido intensamente no mundo do trabalho. De um lado, verifica-se uma mudança qualitativa no perfil da classe operaria, em função da emergência dos novos ramos industriais. De outro, o grande capital, beneficiado pela desagregação das economias socialistas do Leste europeu, vem refundando todos os estatutos da dominação, numa espécie de vingança de classe de caráter mundial contra o trabalho vivo, na qual o capital buscava retroceder a historia par o período que os trabalhadores não possuíam direitos ou garantias regulados pelo Estado ou por suas organizações sociais e eram obrigados a realizar longas jornadas de trabalho diárias. Esta vingança inclui a redução do estatuto social que antes vigorava no capitalista monopolista de Estado, ofensiva contra as organizações sindicais dos trabalhadores, precarização do trabalho e rebaixamento dos salários, com o agravante que essa conjuntura de processa num ambiente de crise econômica e desemprego nos principais países centrais
As companhias transnacionais correspondem um conjunto de 63 mil matrizes e cerca de 690 mil filiais (WIR, 2000), além de um conjunto de milhares de empresas a elas vinculadas (fornecedores e comerciantes).
As transnacionais também controlam com mão de ferro a inovação tecnológica, bastando dizer que 95% da pesquisa e desenvolvimento mundial são realizados nos países da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a elite do grande capital mundial.
O fenômeno da financeirização da riqueza se apresenta atualmente como o contraponto funcional da incapacidade de o sistema capitalista desenvolver suas forças produtivas. Nessa aventura desesperada, o capital especulativo carrega consigo todos os outros setores do capital para a lógica da especulação e, com isso, aprofunda a crise geral do capitalismo, posto que, no longo prazo, é impossível a reprodução do capital sem obedecer a lei do valor. A criação da riqueza na órbita financeira é uma aventura sem futuro, uma miragem capaz de levar momentaneamente parte dos capitalistas ao delírio, ofuscando sua visão global do futuro. No entanto, quanto mais aprofundam esse modelo, mais ampliam a possibilidade de uma crise geral do sistema.

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