terça-feira, 9 de novembro de 2010

Globalização

Globalização: um mito?






Uma das muitas reflexões que aparecem ao ver o documentário 'Corporações' é
sobre a globalização. E como estamos numa época muito pacificada, na qual quase
nada mais choca as pessoas, muita coisa ligada a esse mito cristaliza-se na
repetição, sem o devido cuidado reflexivo.


Em linhas gerais, a globalização surge, no imaginário comum, como esse
afrouxamento das fronteiras nacionais, no qual reside um enriquecimento inerente
ao processo, que liga os países diferentes através da troca cultural e da
cultura de mercado, que seriam, ambas, fontes inesgotáveis de progresso para a
espécie humana. Entretanto, isso é o que está escrito na embalagem.



Primeiro, vale colocar que a cultura de mercado nada tem a ver com nenhum
tipo de troca simbólica. Marx já demonstrou a faceta ideológica da mercadoria e
o quanto isso influencia na relação dos seres humanos com os produtos. O capital
tende à concentração e à repetição. Muda-se a embalagem, mas o que tem dentro é
quase sempre a mesma coisa.



Para além disso, em nenhum momento há um debate efetivamente adulto sobre
algo que possa ser chamado de 'diferente'. Na dita globalização, todo mundo pode
se manifestar, se não tiver nada pra dizer. Em outras palavras, fale qualquer
coisa, mas coloque um preço. Não há o menor esboço, nisso que se chama de
globalização, de algo que possa ser apelidado de 'mudança' ou 'diferença'. Não
se fala mais em socialismo, em utopia ou coisa que o valha. Muito menos em
alguma coisa que seja diferente de tudo isso. Pode 'globalizar', contanto que
seja capitalismo. Troque, apresente sua diferença, desde que reformatada,
domada, anestesiada...



O caso das grandes corporações é nítico disso. Só assusta a quem não leu o
Marx, porque tá tudinho lá. Concentração de renda, concentração de poder,
ditadura do valor de troca e por aí vai.



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